terça-feira, 6 de outubro de 2015

Nossa Umbanda ,nossa Gente...

Umbanda e candomblé conquistam jovens descolados no Brasil

Esqueça a imagem das pessoas angustiadas que procuram consolo para a dor da morte de parentes. Agora, jovens descolados deixam de ir à balada para celebrar os orixás, receber passes e fazer amigos. Conheça alguns dos novos frequentadores da umbanda e do candomblé 

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À esquerda, Andréa, artista plástica conectada a Iemanjá. Em casa, faz banhos e orações. À direita, Janaína, “filha de Omulu” e ativista pelos direitos da mulher negra (Foto: Rogério Assis)
A artista plástica Andréa Tolaini não sabe o que fazer com sua bicicleta elétrica. O veículo foi um presente em forma de pedido de casamento e tem valor sentimental para a paulistana de 30 anos, mas a verdade é que ela prefere pedalar à moda antiga, sem a ajuda de motor. Do seu ateliê, no bairro do Butantã, em São Paulo, sai pelas novas ciclofaixas da metrópole para se reunir com os clientes que encomendam seus quadros, mandalas multicoloridas pintadas em telas grandes. Tem os horários fluidos, a rotina livre e uma profissão que parece lazer. Investe seu dinheiro em shows e viagens (a última para o Peru) e, nos fins de semana, recebe os amigos para uma feijoada vegetariana em sua casa, onde mora com um gato e dois cachorros. A porta ali está sempre aberta, já que Andréa não é adepta “da vibe portão elétrico e grades até o teto”.
Gosto da liberdade de fazer os ritos do meu jeito. Não me sinto obrigada a ir ao centro: vou quando tenho vontade"
Andréa Tolaini, artista plástica
Ao menos uma vez por mês, ela vai a um terreiro de umbanda. Diz que conversa com os espíritos, pede a eles conselhos para a vida e volta para casa com indicações práticas e rituais. “Faço orações de sete dias, banhos, limpezas e agradecimentos aos orixás”, conta. “Gosto da liberdade de fazer os ritos do meu jeito. Não me sinto obrigada a ir ao centro: vou quando tenho vontade.” Nascida numa família católica, Andréa não tinha contato com religião desde que saiu do colégio cristão onde estudava. Até que, em 2008, foi com uma amiga a um terreiro pela primeira vez. Logo de cara, diz que recebeu de um médium um recado sobre a morte da mãe, que viria a ser diagnosticada com um câncer terminal dali a poucas semanas. “A umbanda dialoga de forma simples e rápida com você, não tem nenhuma metáfora ou mensagem rebuscada”, afirma. A mãe morreu no ano seguinte. Desde então, ela procura ajuda dos guias, os espíritos que incorporam nos médiuns em dia de gira, como são chamadas as cerimônias, sempre que acha necessário. Foi assim quando quis largar a carreira de oito anos em empresas de publicidade para viver de sua arte.
Médiuns antes da gira em centro da Zona Sul de São Paulo (Foto: Rogério Assis)
Andréa faz parte de um grupo bem informado de jovens urbanos que trocou a crença familiar pela fé nas tradições africanas. É por causa de pessoas como ela que, nos dois últimos censos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística), os frequentadores de cultos afro-brasileiros aparecem no topo do ranking de escolaridade: ficam em segundo lugar, atrás apenas de kardecistas e à frente de católicos e evangélicos. São comunicadores, estudantes e criativos cujas escolhas de vida não combinam com grandes empresas mas, sim, com a liberdade de ir e vir. São membros da geração Y, essa nascida a partir da década de 80, urbana e conectada à internet, em que os psicólogos sociais identificam uma aversão clara à hierarquia e uma necessidade de se engajar em projetos com profundo significado pessoal.
Nasci numa família católica e gostava muito do convívio da igreja. Mas, com o passar dos anos, a missa foi perdendo intensidade para mim"
Rafael Mota, publicitário
O publicitário Rafael Mota, 27 anos, se sente completamente levado pelo ritual que, até três anos, desconhecia por completo. “É impossível não sentir a energia”, diz ele.Sua fé não vem de berço. Como a maioria dos atuais adeptos das religiões afro-brasileiras, Rafael se encantou por ela depois de adulto. “Nasci numa família católica e gostava muito do convívio da igreja. Mas, com o passar dos anos, a missa foi perdendo intensidade para mim. Aquilo não prendia mais a minha atenção .”
Ele foi pela primeira vez ao centro de umbanda por curiosidade, a convite de uma colega de trabalho. Já havia visitado templos budistas, igrejas messiânicas e evangélicas, e imaginava incluir na lista a mais caricata de suas experiências religiosas. “Mas, logo que entrei, vi que tinha imaginado tudo errado. Não havia imagens amedrontadoras nas paredes, nem galinhas mortas pelo chão.” Três semanas depois, não conseguia esquecer a boa sensação de estar naquele pátio, e assim voltou uma, duas, dezenas de vezes, até se tornar parte do time da casa. Segundo a umbanda, qualquer pessoa pode desenvolver a capacidade de intermediar o mundo dos espíritos com o nosso, e foi o que Rafael fez. “Aqui as relações são mais horizontais que na igreja católica, onde a hierarquia é mais de cima para baixo. Lá, o máximo de contato físico que você tem é beijar a mão do padre. Na umbanda, é difícil não sair abraçando meia dúzia. É como se o seu ego se dissolvesse no meio do grupo.”
À esquerda, Edi, o artesão que é “filho de Ogum”, orixá equivalente a São Jorge. À direita, Karen Keppe, 29, produtora cultural e “filha de Xangô”: “A umbanda é mais sincera” (Foto: Rogério Assis)
A umbanda e o candomblé, religiões que vêm atraindo o grupo, também têm umcódigo moral amplo, baseado na lei do retorno: fazer o bem para recebê-lo e evitar fazer o mal para não sofrê-lo. “Nos cultos africanos, bem e mal estão sempre juntos”, diz a produtora cultural e artista paulistana Karen Keppe, 29 anos, que teve o primeiro contato com o candomblé aos 22, ainda na faculdade de história. “Acho essa visão sincera, mais conectada com a realidade”, conclui. Hoje, frequenta um centro umbandista em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, onde não raro encontra pessoas de seu meio de trabalho, como músicos com quem colabora em festas hypadas no Centro paulistano. O local é próximo ao apartamento que ela divide com o namorado e um amigo. Ela trabalha em casa, onde estuda novas maneiras de produzir música, a partir de objetos inusitados como rodas de bicicleta e pequenos ventiladores. Pelas janelas, estão pendurados outros aparelhos curiosos: são sensores caseiros de qualidade do ar, desenvolvidos pelo namorado de Karen para um projeto que mapeia a poluição da cidade. A criação dos sensores foi feita com um programa de computador “aberto”, ou seja, o projeto está disponível na internet e pode ser copiado e replicado por quem quiser. Estamos falando de uma turma para quem a vida colaborativa faz mais sentido que a corporativa. Esse comportamento é muito típico dos jovens do século 21, como já havia apontado o sociólogo Michel Maffesoli, que se dedica a entender a pós-modernidade. “O indivíduo, que era a marca mais forte da era moderna, perde valor para a comunidade, o nós vence o eu”, diz o francês no livro O Tempo das Tribos: o Declínio do Individualismo nas Sociedades de Massa (Forense Universitária, 338 págs., R$ 75).
Nos cultos africanos, bem e mal estão sempre juntos"
Karen Keppe, produtora cultural e artista
Dentro desse contexto, é compreensível que a hierarquia horizontal da umbanda seja tão confortável para os novos adeptos. “Nunca me dei bem com chefe”, diz o designer paulistano Edi Marreiro, 33 anos, que, em suas palavras, optou por não fazer faculdade para “ter uma vida profissional mais variada”. No ano passado, deixou o trabalho como monitor de uma clínica de dependentes químicos para tornar-se designer e produzir objetos de decoração para a marca que criou com a namorada. Apesar do pouco tempo de empreitada, o casal já colhe os frutos e se sustenta com as vendas de seus produtos em um e-commerce, o Casa do Rouxinol.
Alto, com barba cheia e sete tatuagens espalhadas pelo corpo, Edi frequenta um terreiro no bairro do Morumbi, em São Paulo, e diz ter ampliado por lá até mesmo seus interesses mundanos. “Mudou a minha forma de encarar a música, os instrumentos. Antes, gostava só de rock e música eletrônica e agora gosto de percussão, de samba”, afirma. Seu envolvimento foi tão grande que se tornou ogã, um líder que canta e toca atabaque para que os espíritos possam trabalhar. Parte de suas tarefas é receber as pessoas que chegam pela primeira vez ao centro, e foi assim que conheceu a atual namorada, Raji Rajii, de 26 anos. Fora do terreiro, ele participa de um grupo de maracatu, o ritmo pernambucano que tem raízes na cultura dos escravos. Também é fã de músicos nacionais, como os rappers Emicida e Criolo.
Edi se prepara para as giras com alguns rituais: nas 24 horas que antecedem os trabalhos, não tem relações sexuais, não bebe álcool nem usa qualquer substância que possa alterar a consciência, e não come carne vermelha. Também toma um banho de sete ervas. A dedicação causa estranhamento nos amigos de fora da religião. “Tem quem olhe torto, mas não ligo.”
O branco é a cor ritualística nos terreiros (Foto: Rogério Assis)
A assistente social Janaína Grasso, 27 anos, adepta do candomblé, sabe bem como é driblar o preconceito e a intolerância religiosa. “Sou mulher, preta e baiana. Só por isso as pessoas já me chamam de macumbeira. Mas na minha religião ninguém orienta a amarrar marido ou fazer trabalhos para prejudicar os outros”, diz. Moradora do boêmio bairro da Vila Madalena, ela diz preferir as festas de rua que São Paulo oferece a locais que cobram entrada (“mais um jeito de segregar”). Na reta final do mestrado que analisa questões de gênero, ela ainda lidera o coletivo Em Alto e Bom Tom, focado no empoderamento de mulheres negras. Com uma amiga, ela monta exposições itinerantes de retratos de lindas jovens usando turbantes, cabelos afro, tranças e exibindo corpos suntuosos. As imagens visam dar mais confiança e suprir a falta de representação positiva de crianças e adolescentes afrodescendentes.
A umbanda, assim como o candomblé, tem três coisas boas da vida: música, dança e comida"
Reginaldo Prandi, sociólogo das religiões
Nas semanas em que conversou com a reportagem, Janaína faltou a uma festa importante do terreiro que frequenta, com muita música, rezas e oferendas, por causa da dissertação. No candomblé, as cerimônias são guiadas pelo pai de santo e os cantos são em iorubá ou outras línguas dos antigos escravos. Diferentemente da umbanda, quem se manifesta por meio dos médiuns são os orixás – e não espíritos antigos. Por fim, se o praticante tem uma questão particular a tratar, pede uma sessão individual com o pai ou a mãe de santo, que fará perguntas aos deuses pelo jogo de búzios. São consultas que nada lembram as confissões e punições da igreja católica ou as expurgações dos evangélicos pentecostais.
Para o sociólogo das religiões Reginaldo Prandi, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), o aspecto lúdico coloca os cultos africanos numa posição atraente para esses jovens. “A umbanda, assim como o candomblé, tem três coisas boas da vida: música, dança e comida”, resume. Além disso, a estética de cores fortes e contrastantes, rendas e ornamentos ricos, e a conexão com folhas, ondas do mar e flores ajudam a atrair novos adeptos, afirma o estudioso. “O mundo está questionando sua relação com a natureza e, nos grandes centros urbanos, são raros os momentos em que você fica com os pés no chão, em contato com tudo isso”, analisa. Essa turma antenada mostra que, hoje, nada é mais moderno do que buscar a paz nas coisas simples da vida.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

As Encruzilhadas por mestre Padilha

As Encruzilhadas...
Triste Espetáculo acontece todos os dias e noites,
em alguma estrada,em alguma Rua ou avenida há
Resultado de imagem para velas alguém colocando "Oferendas"...
Despachos de Encruzilhadas Objetos diversos ,animais etc..
Nós do Cruzeiro de Umbanda há mais de 20 anos (1990),fomos
aos "Entendidos" pois sempre foi "explicado"que tais práticas 
são fundamentos da Religião,faz parte da "tradição antiga ainda alguns "afirmaram"
Resultado de imagem para despacho de encruzilhadasque "nossos Ancestrais" inclusive na Africa assim faziam...
Fundamentos da Religião não se discute pois cada Religião possui seus "Fundamentos"
mas daí dizer,afirmar que tais práticas possuem "fundamentos" é erro Craso...
Vamos por partes :
Primeiro na Antiga Africa não existiam as tais ruas na maioria trilhas pelas matas,as tais
Resultado de imagem para despacho de encruzilhadasestradas que hoje alguns preceituam  com suas oferendas e despachos estão modernas
Asfaltadas e Calçadas e com o Esgoto a baixo ou a céu aberto...
Vamos unir os Fatos muitos que aprenderam tais"fundamentos" sequer questionaram
os mesmos...
Não estamos aqui para julgar mas para orientar...
O Lixo deve ser jogado no Lixo, oferendas nos Reinos sagrados...
Resultado de imagem para despacho de encruzilhadasDespachos não podem agredir ou ofender a vida na cidade e  dificultar sua circulação.
Pior Garrafas, vidros podem causar sérios acidentes.
Restos de velas 7 dias devem ser colocados no lixo.
Alguns axés Plantados...
Religioso de Verdade não poluí nem suja a cidade... 


Fonte:Texto original do Jornal Cruzeiro de Umbanda 1996

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Umbanda

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Umbanda é uma religião que sintetiza vários elementos das religiões africanas porém sem ser definida por eles;1 foi formada no século XX no sudeste do Brasil a partir da síntese de outros movimentos religiosos como oCandomblé
Resultado de imagem para UmbandaCatolicismo e o Espiritismo; é considerada uma "religião brasileira por excelência" com umsincretismo que combina o Catolicismo, a tradição dos orixás africanos e os espíritos de origem indígena.2 3
No Brasil, o Rio Grande do Sul tem a maior proporção nacional de adeptos da umbanda e do candomblé: 1,47%, quase cinco vezes o percentual do estado da Bahia.4 5
O dia 15 de novembro já considerado como a data do surgimento da Umbanda pelos seus adeptos6 7 foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012 através da Lei 12.644.8

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Resultado de imagem para Umbanda"Umbanda" ou "embanda" são oriundos da língua quimbunda de Angola, significando "magia",9 "arte de curar".10 Há também a suposição de uma origem em ummantra na Língua adâmica cujo significado seria "conjunto das leis divinas"11 ou "deus ao nosso lado".12
Também era conhecida a palavra 'mbanda significando “a arte de curar” ou “o culto pelo qual o sacerdote curava”, sendo que 'mbanda quer dizer “o Além – onde moram os espíritos”.13
Após o Congresso de 1941,14 declarou-se que "umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda, termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".15
Resultado de imagem para Umbanda

História[editar | editar código-fonte]

Resultado de imagem para umbanda zelio de moraesEnquanto as fontes divergem em relação à datas, por volta de 190716 /1908 (15 de novembro de 1908)17 ou 1920 um jovem chamado Zélio Fernandino de Moraisprestes a ingressar na Marinha, passou a apresentar comportamento estranho a que a família chamou de "ataques" onde o jovem tinha a postura de um velho dizendo coisas incompreensíveis, em outro momento se comportava como um felino.18 Após ter sido examinado por um médico que aconselhou a família a levá-lo a um padre, Zélio foi levado à um centro espírita. Assim, no dia 15 de novembro, Zélio foi convidado a se sentar à mesa da sessão na Federação Espírita de Niterói,1920 presidida na época por José de Souza21 quando foi incorporado por um espírito que se levantou durante a sessão e foi até o jardim para buscar uma flor e colocá-la no centro da mesa, contrariando a regra de não poder abandonar a mesa uma vez iniciada a sessão. Em seguida, Zélio incorporou espíritos que se apresentavam como negros escravos e índios. O diretor dos trabalhos alertou os espíritos sobre seu atraso espiritual, convidando-os a sair da sessão quando uma força tomou Zélio e disse:22
Resultado de imagem para umbanda zelio de moraes
Cquote1.svgPor que repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Será por causa de suas origens sociais e da cor?Cquote2.svg
— Caboclo das Sete Encruzilhadas
Ao ser indagado por um medium ele respondeu:23
Cquote1.svgSe querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida.24 Acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como Caboclo brasileiro.Cquote2.svg
— Caboclo das Sete Encruzilhadas
Resultado de imagem para umbanda zelio de moraesA respeito de sua missão, assim anunciou:25 26

Cquote1.svgSe julgam atrasados esses espíritos dos negros e dos índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho para dar início a um culto em que esses negros e esses índios poderão dar a sua mensagem e assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminho fechado para mim.Cquote2.svg
— Caboclo das Sete Encruzilhadas
Resultado de imagem para umbanda zelio de moraesNo dia seguinte, na residência da família de Zélio, na rua Floriano Peixoto, no. 30, em Neves, reuniu-se os membros da Federação Espírita, visando comprovar a veracidade do que havia sido declarado27 o jovem novamente incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que declarou que os velhos espíritos de negros escravos e índios de nossa terra poderiam trabalhar em auxílio do seus irmãos encarnados, não importando a cor, raça ou posição social.28 sendo assim, neste dia fundou o primeiro terreiro de umbanda chamado de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.29
O espírito estabeleceu normas como a prática de caridade, sua base se fundamentaria no Evangelho de Cristo e seu nome "Allabanda",30 substituído por "Aumbanda" e posteriormente se popularizando como "Umbanda".27
No ano de 1918, fundaram-se sete tendas para a propagação da Umbanda: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Gerônimo. Até a morte de Zélio em 1975, mais de 10.000 templos foram fundados além destes iniciais.31
Resultado de imagem para umbanda zelio de moraesEm 1939 com o objetivo de acabar com polêmicas e na tentativa de uma unificação foi criada a União Espírita de Umbanda do Brasil,32 a partir desse momento, somente as práticas que seguiam os fundamentos propostos pelo Caboclo Sete Encruzilhadas passaram a ser consideradas como umbandistas.33
Em 1940, o escritor Woodrow Wilson da Matta e Silva apresentou a Umbanda como ciência e filosofia, criando então a Escola Iniciática da Corrente Astral do Aumbhandan, a "Umbanda Esotérica" na Tenda Umbandista Oriental, em Itacuruçá, no Rio de Janeiro.34
Resultado de imagem para umbanda zelio de moraesMesmo após as tentativas de unificação, nas décadas de 40, 50 e 60 ainda existiam inúmeros terreiros no Rio de Janeiro não vinculados à União Espírita de Umbanda do Brasil principalmente por discordarem das normativas propostas pela federação e por serem consideradas "atividades isoladas". Esses terreiros realizavam práticas ritualistas sob a denominação de Umbanda, por exemplo a Tenda Espírita Fé, Esperança e Caridade e Pai Luiz D'Ângelo, praticante do segmento Umbanda de Almas e Angola.35

Resultado de imagem para umbanda zelio de moraesEm 1941 a UEUB organizou sua primeira conferência, o I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda36 como forma de tentar definir e codificar a Umbanda como como uma religião por seu direito e como uma religião que une todas as religiões, raças e nacionalidades. A conferência também promoveu uma dissociação das tradições afro-brasileira.37 Os participantes concordaram em fazer uso das obras de Allan Kardec como fundação doutrinária da Umbanda, enquanto se dissociando das outras tradições religiosas afro-brasileiras.38 Ainda assim, os espíritos fundadores da Umbanda, os Caboclos e os Preto Velhos ainda foram mantidos como como espíritos altamente evoluídos.
Resultado de imagem para umbanda zelio de moraes
Resultado de imagem para umbanda zelio de moraesEm termos gerais, os participantes do Congresso se esforçaram em legitimar a Umbanda como uma religião altamente evoluída, por exemplo, afirmando que a Umbanda já existia como uma religião organizada há bilhões de anos estando então a frente de todas as outras religiões. Como parte desses esforços em definir a Umbanda como uma religião original e altamente evoluída, os participantes procuraram remover suas raízes africanas e afro-brasileiras, a origem da Umbanda foi rastreada até o Oriente, de onde disse ter se espalhado para Lemuria39 e subsequentemente para a África. No continente africano, a Umbanda se degenerou emfetichismo38 e nessa forma foi trazida ao Brasil pelos escravos.40 A influência africana na Umbanda não foi de todo rejeitada mas causada por uma corrupção da tradição religiosa original, como uma fase de retrocesso em sua evolução; a Umbanda foi exposta ao barbarismo na forma de costumes vulgares e praticada por pessoas com "costumes rudes e defeitos psicológicos e
étnicos"41 Outra forma de lidar com o caráter africano da Umbanda foi exposto na compreensão que se originou na Áfricam porém na África Oriental (Egito), sendo então da parte mais "civilizada" do continente.42
Resultado de imagem para umbanda zelio de moraesUm dos objetivos da conferência foi então rastrear as raízes "genuínas" da Umbanda até o Oriente; a invenção das raízes orientais juntamente com a rejeição das africanas,foi refletida na definição do termo "umbanda", que é de outro modo geralmente acreditado ser derivada do idioma Banto. Declarou-se que "umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda, termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".43 44 A partir da década de 1950, os setores mais humildes da população umbandista composta por negros e mulatos começaram a contestar o distanciamento da Umbanda das práticas africandas, a "umbanda branca" se opunha à tendência de recuperar os valores africanos presentes na religiosidade popular.
Resultado de imagem para umbanda matta e silvaA partir da década de 1950, os setores mais humildes da população umbandista composta por negros e mulatos começaram a contestar o distanciamento da Umbanda das práticas africanas, a "umbanda branca" se opunha à tendência de recuperar os valores africanos presentes na religiosidade popular.45
Resultado de imagem para umbanda moab caldasO segundo congresso ocorreu em 1961 evidenciando o crescimento da religião que teve sua imagem reconstruída pela imprensa, milhares de devotos compareceram ao Maracanãzinho com representantes de vários estados e a presença de políticos municipais e estaduais.46 O jornal O Estado de S. Paulo noticiou a realização do congresso no Rio de Janeiro afirmando que a "preocupação central do Congresso parece ser a elaboração de um código que orientará a feitura de uma Carta Sinódica da Umbanda". No mesmo ano, o jornal Diário de S. Paulo publicou uma grande reportagem com o título "Saravá meu Pai Xangô, Saravá Mamãe Oxum", onde o jornalista descreve uma "sessão assistida pelos repórteres a convite do deputado gaúcho Moab Caldas".47
No terceiro congresso realizado em 197348 a Umbanda afirmou-se em definitivo como uma religião expressiva no campor das atividades assistenciais, além dos centros onde ocorriam as atividades espirituais, a religião contava com escolas, creches, ambulatórios etc articuladas em torno da missão de promover a caridade e a ajuda.49
Resultado de imagem para umbanda cantores samba
Na década de 80, a Umbanda teve seu auge ao ser declarada como religião de muitas personalidades como os cantores Clara NunesDorival CaymmiVinícius de MoraesBaden PowellBezerra da SilvaRaul SeixasMartinho da Vila entre outros.50
Resultado de imagem para umbanda capas de discosNa década de 90 a Umbanda e outras religiões de matizes africanas foram alvo do crescente neopentecostalismo brasileiro. Nessa época também fundou-se a Faculdade de Teologia Umbandista, mantida pela Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino51 fundada por Rigas Neto na Água Funda, São Paulo.52

Crenças e práticas[editar | editar código-fonte]

Resultado de imagem para umbandaExistem várias vertentes de Umbanda de modo que as práticas e rituais tendem a variar, há por exemplo a Umbanda Tradicional, Primado de Umbanda, Umbanda de Nação ou Umbanda Mista, U,bandomblé, Umbanda Esotérica, Umbanda Astrológica, Umbanda Sagrada, Umbanda da Magia Divina, Umbanda Omolocô etc.53
A influência africana na Umbanda foi interpretada como um "mal necessário" que apenas serviu para explicar sua chegada e desenvolvimento no Brasil. O "branqueamento" das origens da Umbanda foi expresso em termos como como "umbanda pura", "umbanda limpa", "umbanda branca" e "umbanda de linha branca" no sentido de "magia branca".54 Estes termos contrastavam com "magia negra" e "linha negra" associados com o mal. Além disso, uma divisão de espíritos foi estabelecida entre os "da direita" (o bem) e os "da esquerda", o mal. A única instância de identificação positiva com a influência africana na Umbanda relacionava-se a com os Pretos Velhos e como o continente africano ser reconhecido como uma continente heroico e sofredor.55
Resultado de imagem para pedacinho da umbanda
A Umbanda pode ter várias vertentes com práticas diversas, nomeadas de diferentes formas56 como Umbanda Tradicional, Primado de Umbanda, Umbanda de Nação ou Umbanda Mista, Umbandomblé, Umbanda Esotérica, Umbanda Astrológica, Umbanda Sagrada, Umbanda da Magia Divina, Umbanda Omolocô etc.57Essas diferentes vertentes partilham o culto à entidades ancestrais e a espíritos associados a divindades diversas, que podem pertencer ao Catolocismo, a cultos africanos, hindus, árabes entre outros.58 Apesar de diferentes vertentes existem alguns conceitos encontrados que são comum a todas, são eles: 59 60 61
Também se fundamentam na obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como a fraternidade, a caridade e o respeito ao próximo.63 Além desses preceitos também estão a necessidade da prática mediúnica como por exemplo servindo de "cavalo" (o medium) para para viabilizar a comunicação entre espíritos e orixás com os seres humanos.64

Ritos[editar | editar código-fonte]

Os rituais da Umbanda visam evocar o orixá ancestral e toda sua hierarquia composta por Orixás menores, Guias e Protetores.65 Os rituais não têm forma ou modo definido de modo que variam de casa para casa e estão subordinados às decisões de cada Pai-de-santo e cada entidade protetora do terreiro.66
O local onde se dá as celebrações e o atendimento do público é geralmente uma casa denominada por tenda que contém um terreiro e um salão apropriado para sessões.67
Alguns termos e rituais comumente mencionados:
  • Giras, é como são chamadas as sessões onde se reúnem os espíritos de várias categorias, as giras podem ser festivas, de trabalho ou de treinamento.68
  • Bater cabeça, é como é chamado o ato de prostração, a reverência dada ao chefe do terreiro, por exemplo.69 O contexto desse gesto varia de terreiro para terreiro sendo unânime que seja feito antes da defumação.70
  • Defumação, é usada para purificar o ambiente, através do seu aroma desfaz no ambiente todo o negativo expulsando os espíritos trevosos.71
  • Passe, é o gesto de imposição de mãos presente também no kardecismo72
  • Pontos riscados são diagramas desenhados no chão como ângulos, retas, símbolos representativos, desenhos geométricos, pontos cardeais etc representando a assinatura do Guia73
  • Pontos cantados são as músicas e cantos entoados como forma de louvor ou invocação.74
  • Oferendas são a prática de dispor comida ritual e objetos específicos75 nos templos ou locais ao ar livre, em dias e para fins especiais. As oferendas são agradecimentos aos Guias e Orixás.76 As vertentes com mais influência dos cultos africanos como a Umbanda de Nação se utiliza de ebós que são para finalidades próprias como reequilibrar aspectos da vida da pessoa,77 porém, diferente de alguns cultos africanos, a Umbanda não se utiliza do sacrifício de animais.78 79 80
  • Descarrego é o nome dado a rituais para limpeza espiritual ou livrar-se de cargas negativas, podem ser banhos com ervas especiais81 como a Guiné82 ,Espada-de-ogun83 etc ou rituais como a Roda de fogo" que usa pólvora.84
  • Batismo com ocorre em muitas outras religiões só pode ser realizado por líderes religiosos, no caso o Bablorixá ou a Yalorixá.85

Espaço físico[editar | editar código-fonte]

A parte física de um terreiro de umbanda contém quatro elementos fundamentais: 86
  • Assentamento
  • Pegi ou Peji
  • Congá
  • Porteira ou Tronqueira
  • Roncó, fica fora do terreiro propriamente dito mas anexo a ele.
  • Cruzeiro das Almas ou Casa das Almas87

Organização[editar | editar código-fonte]

A hierarquia na Umbanda pode variar dependendo da quantidade de membros de modo que pode se dividir em um grupo administrativo e grupo espiritual88 89 90além de variar de acordo com o tipo de Umbanda (de nação, Esotérica etc).
Babalorixá (Pai-de-santo) e Yalorixá (Mãe-de-santo)
Responsáveis por toda a atividade espiritual que ocorre no terreiro, como iniciar, conduzir e encerrar as giras e estabelecer as ordens e doutrinas passadas pelo astral.
Babakekere (Pai-menor) e Yakekere (Mãe-menor)
São os responsáveis na ausência dos pai ou mãe, têm os mesmos ensinamentos e participam de todos os rituais.
Ogã, curimbeiro ou atabaqueiro
Responsável por tocar e cantar os Pontos cantados nas giras além do ensino a novos ogãs.
Ogã calofé91
É responsável pela corimba e instrutor dos toques de atabaques.
Cambono
É o medium designado a auxiliar a entidade trabalhando como um intérprete entre a entidade e o consulente.
Médium de trabalho, médium feito ou médium coroado
São médiums que prestam consultas nas giras de atendimento e já passaram por todos os preceitos e obrigações (batismo, amaci e coroação).
Médium em desenvolvimento
São os médiums em processo de desenvolvimento.
Samba
Médium feminina em desenvolvimento.92
Iaô
Médium feminina com feitura de santo.93
Médium iniciante
São os médiums que ainda não incorporam, sendo às vezes colocados como cambonos até adquirirem experiência.
Transa ou porteira
É o responsável por orientar e distribuir fichas ou senhas aos frequentadores.
Iabá94
É responsável pela cozinha do terreiro, pela confecção dos ageunsamalas e comidas necessárias nos trabalhos.
Cota95
Subordinada ou substituta da Iabá (Umbanda de Nação).
Mão de faca96
Médium responsável pelas matanças animais (Umbanda de Nação).

Entidades[editar | editar código-fonte]

Os espíritos que trabalham na Umbanda são organizados em linhas e falanges (legiões) de uma forma quase militar. Cada linha está sob a direção de uma deidade africana ou Orixá ou Orisha, enquanto os nomes e configurações exatas variam dentro da Umbanda, eles são em sua maioria compostos a partir de divisões étnicas, por exemplo, "Povo de Moçambique", "Legião de Tupi-Guarani". Em geral, os espíritos nos rituais da Umbanda se enquadram nas seguintes categorias:97
  1. Caboclos, espíritos indígenas, como o Sete Encruzilhadas
  2. Pretos Velhos, os espíritos de velhos escravos brasileiros
  3. Exus, espíritos menos evoluídos que na vida foram criminosos ou pecadores notórios
  4. Pomba Giras, o equivalente feminino dos Exus, tipicamente retratadas como dançarinas, damas da noite etc.
  5. Crianças, os espírito de crianças
Todas os acima são chamados de "espíritos de luz" porque trabalham para o bem, há também os espíritos banidos da Umbanda que são ditos trabalharem para o ladro negro, dentro da Quiumbanda, um tipo de oposto negativo da Umbanda.98

Críticas[editar | editar código-fonte]

Assim como outras religiões afro-brasileiras, a Umbanda sofreu repressão política durante a Ditadura militar de Vargas até o início de 1950. Uma lei de 1934 colocava estas religiões sobre a jurisdição do Departamento de Tóxicos e Mistificações da polícia de modo que era preciso um registro especial para funcionarem. Durante esses anos vários grupos se mantinham na clandestinidade ou quando se registravam, procuravam omitir suas ligações ou inspirações africanas se registrando como sendo apenas "espiritistas".99 Essa omissão ou "desafricanaização"100 que rejeitava as influências das religiões africanas foi estabelecida mais claramento no I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda realizado em 1941, que definiu entre outros aspectos, que a a raiz da Umbanda provinha de antigas religiões e filosofias da Índia.101 102 Roger Bastide argumentou que o Espiritismo "branquea" ou "europeniza" a Umbanda, distorcendo suas raízes africanas.103
No Brasil, a Umbanda e demais religiões de matrizes africanas sofrem com a intolerância religiosa,104 sendo as religiões neopentecostais ditas Renovadas de maior intolerância em relação à Umbanda, ao Candomblé e ao Kardecismo.105
Os praticantes do Candomblé criticam a Umbanda por considerá-la superficial e desconhecer os ritos mais profundos dos cultos aos Orixás, além de criticarem a Umbanda por não separar o culto dos espíritos do culto às entidades já que o Candomblé considera os Orixás e deuses como sendo mais puros e de energia mais primordial e que então não podem ser maculados pela energia dos espíritos que viveram na Terra.106

Referências

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  7. Ir para cima Martins 2007, p. 17
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  9. Ir para cima Ferreira 1986, p. 1736
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Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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Publicações[editar | editar código-fonte]

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Ligações externas[editar | editar código-fonte]