Umbanda
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Parte da série sobre a |
Umbanda |
---|
Conceitos relacionados |
Definição · Caridade Origem Literatura · Centro de umbanda Guias da umbanda Linhas de trabalho · Críticas a umbanda Mediunidade · Perispírito Plano espiritual · |
História |
História da Umbanda |
Instituições |
Federações e associações de umbanda e candomblé |
A Umbanda é uma religião que sintetiza vários elementos das religiões africanas porém sem ser definida por eles;1 foi formada no século XX no sudeste do Brasil a partir da síntese de outros movimentos religiosos como oCandomblé,
o Catolicismo e o Espiritismo; é considerada uma "religião brasileira por excelência" com umsincretismo que combina o Catolicismo, a tradição dos orixás africanos e os espíritos de origem indígena.2 3
No Brasil, o Rio Grande do Sul tem a maior proporção nacional de adeptos da umbanda e do candomblé: 1,47%, quase cinco vezes o percentual do estado da Bahia.4 5
O dia 15 de novembro já considerado como a data do surgimento da Umbanda pelos seus adeptos6 7 foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012 através da Lei 12.644.8
Índice
[esconder]Etimologia[editar | editar código-fonte]
"Umbanda" ou "embanda" são oriundos da língua quimbunda de Angola, significando "magia",9 "arte de curar".10 Há também a suposição de uma origem em ummantra na Língua adâmica cujo significado seria "conjunto das leis divinas"11 ou "deus ao nosso lado".12
Também era conhecida a palavra 'mbanda significando “a arte de curar” ou “o culto pelo qual o sacerdote curava”, sendo que 'mbanda quer dizer “o Além – onde moram os espíritos”.13
Após o Congresso de 1941,14 declarou-se que "umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda, termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".15
História[editar | editar código-fonte]
Enquanto as fontes divergem em relação à datas, por volta de 190716 /1908 (15 de novembro de 1908)17 ou 1920 um jovem chamado Zélio Fernandino de Moraisprestes a ingressar na Marinha, passou a apresentar comportamento estranho a que a família chamou de "ataques" onde o jovem tinha a postura de um velho dizendo coisas incompreensíveis, em outro momento se comportava como um felino.18 Após ter sido examinado por um médico que aconselhou a família a levá-lo a um padre, Zélio foi levado à um centro espírita. Assim, no dia 15 de novembro, Zélio foi convidado a se sentar à mesa da sessão na Federação Espírita de Niterói,1920 presidida na época por José de Souza21 quando foi incorporado por um espírito que se levantou durante a sessão e foi até o jardim para buscar uma flor e colocá-la no centro da mesa, contrariando a regra de não poder abandonar a mesa uma vez iniciada a sessão. Em seguida, Zélio incorporou espíritos que se apresentavam como negros escravos e índios. O diretor dos trabalhos alertou os espíritos sobre seu atraso espiritual, convidando-os a sair da sessão quando uma força tomou Zélio e disse:22
Por que repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Será por causa de suas origens sociais e da cor? |
— Caboclo das Sete Encruzilhadas
|
Ao ser indagado por um medium ele respondeu:23
Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida.24 Acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como Caboclo brasileiro. |
— Caboclo das Sete Encruzilhadas
|
Se julgam atrasados esses espíritos dos negros e dos índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho para dar início a um culto em que esses negros e esses índios poderão dar a sua mensagem e assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminho fechado para mim. |
— Caboclo das Sete Encruzilhadas
|
No dia seguinte, na residência da família de Zélio, na rua Floriano Peixoto, no. 30, em Neves, reuniu-se os membros da Federação Espírita, visando comprovar a veracidade do que havia sido declarado27 o jovem novamente incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que declarou que os velhos espíritos de negros escravos e índios de nossa terra poderiam trabalhar em auxílio do seus irmãos encarnados, não importando a cor, raça ou posição social.28 sendo assim, neste dia fundou o primeiro terreiro de umbanda chamado de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.29
O espírito estabeleceu normas como a prática de caridade, sua base se fundamentaria no Evangelho de Cristo e seu nome "Allabanda",30 substituído por "Aumbanda" e posteriormente se popularizando como "Umbanda".27
No ano de 1918, fundaram-se sete tendas para a propagação da Umbanda: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Gerônimo. Até a morte de Zélio em 1975, mais de 10.000 templos foram fundados além destes iniciais.31
Em 1939 com o objetivo de acabar com polêmicas e na tentativa de uma unificação foi criada a União Espírita de Umbanda do Brasil,32 a partir desse momento, somente as práticas que seguiam os fundamentos propostos pelo Caboclo Sete Encruzilhadas passaram a ser consideradas como umbandistas.33
Em 1940, o escritor Woodrow Wilson da Matta e Silva apresentou a Umbanda como ciência e filosofia, criando então a Escola Iniciática da Corrente Astral do Aumbhandan, a "Umbanda Esotérica" na Tenda Umbandista Oriental, em Itacuruçá, no Rio de Janeiro.34
Mesmo após as tentativas de unificação, nas décadas de 40, 50 e 60 ainda existiam inúmeros terreiros no Rio de Janeiro não vinculados à União Espírita de Umbanda do Brasil principalmente por discordarem das normativas propostas pela federação e por serem consideradas "atividades isoladas". Esses terreiros realizavam práticas ritualistas sob a denominação de Umbanda, por exemplo a Tenda Espírita Fé, Esperança e Caridade e Pai Luiz D'Ângelo, praticante do segmento Umbanda de Almas e Angola.35
Em 1941 a UEUB organizou sua primeira conferência, o I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda36 como forma de tentar definir e codificar a Umbanda como como uma religião por seu direito e como uma religião que une todas as religiões, raças e nacionalidades. A conferência também promoveu uma dissociação das tradições afro-brasileira.37 Os participantes concordaram em fazer uso das obras de Allan Kardec como fundação doutrinária da Umbanda, enquanto se dissociando das outras tradições religiosas afro-brasileiras.38 Ainda assim, os espíritos fundadores da Umbanda, os Caboclos e os Preto Velhos ainda foram mantidos como como espíritos altamente evoluídos.
étnicos"41 Outra forma de lidar com o caráter africano da Umbanda foi exposto na compreensão que se originou na Áfricam porém na África Oriental (Egito), sendo então da parte mais "civilizada" do continente.42
Um dos objetivos da conferência foi então rastrear as raízes "genuínas" da Umbanda até o Oriente; a invenção das raízes orientais juntamente com a rejeição das africanas,foi refletida na definição do termo "umbanda", que é de outro modo geralmente acreditado ser derivada do idioma Banto. Declarou-se que "umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda, termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".43 44 A partir da década de 1950, os setores mais humildes da população umbandista composta por negros e mulatos começaram a contestar o distanciamento da Umbanda das práticas africandas, a "umbanda branca" se opunha à tendência de recuperar os valores africanos presentes na religiosidade popular.
A partir da década de 1950, os setores mais humildes da população umbandista composta por negros e mulatos começaram a contestar o distanciamento da Umbanda das práticas africanas, a "umbanda branca" se opunha à tendência de recuperar os valores africanos presentes na religiosidade popular.45
O segundo congresso ocorreu em 1961 evidenciando o crescimento da religião que teve sua imagem reconstruída pela imprensa, milhares de devotos compareceram ao Maracanãzinho com representantes de vários estados e a presença de políticos municipais e estaduais.46 O jornal O Estado de S. Paulo noticiou a realização do congresso no Rio de Janeiro afirmando que a "preocupação central do Congresso parece ser a elaboração de um código que orientará a feitura de uma Carta Sinódica da Umbanda". No mesmo ano, o jornal Diário de S. Paulo publicou uma grande reportagem com o título "Saravá meu Pai Xangô, Saravá Mamãe Oxum", onde o jornalista descreve uma "sessão assistida pelos repórteres a convite do deputado gaúcho Moab Caldas".47
No terceiro congresso realizado em 197348 a Umbanda afirmou-se em definitivo como uma religião expressiva no campor das atividades assistenciais, além dos centros onde ocorriam as atividades espirituais, a religião contava com escolas, creches, ambulatórios etc articuladas em torno da missão de promover a caridade e a ajuda.49
Na década de 80, a Umbanda teve seu auge ao ser declarada como religião de muitas personalidades como os cantores Clara Nunes, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Baden Powell, Bezerra da Silva, Raul Seixas, Martinho da Vila entre outros.50
Na década de 90 a Umbanda e outras religiões de matizes africanas foram alvo do crescente neopentecostalismo brasileiro. Nessa época também fundou-se a Faculdade de Teologia Umbandista, mantida pela Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino51 fundada por Rigas Neto na Água Funda, São Paulo.52
Crenças e práticas[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Ramificações da Umbanda
Existem várias vertentes de Umbanda de modo que as práticas e rituais tendem a variar, há por exemplo a Umbanda Tradicional, Primado de Umbanda, Umbanda de Nação ou Umbanda Mista, U,bandomblé, Umbanda Esotérica, Umbanda Astrológica, Umbanda Sagrada, Umbanda da Magia Divina, Umbanda Omolocô etc.53
A influência africana na Umbanda foi interpretada como um "mal necessário" que apenas serviu para explicar sua chegada e desenvolvimento no Brasil. O "branqueamento" das origens da Umbanda foi expresso em termos como como "umbanda pura", "umbanda limpa", "umbanda branca" e "umbanda de linha branca" no sentido de "magia branca".54 Estes termos contrastavam com "magia negra" e "linha negra" associados com o mal. Além disso, uma divisão de espíritos foi estabelecida entre os "da direita" (o bem) e os "da esquerda", o mal. A única instância de identificação positiva com a influência africana na Umbanda relacionava-se a com os Pretos Velhos e como o continente africano ser reconhecido como uma continente heroico e sofredor.55
A Umbanda pode ter várias vertentes com práticas diversas, nomeadas de diferentes formas56 como Umbanda Tradicional, Primado de Umbanda, Umbanda de Nação ou Umbanda Mista, Umbandomblé, Umbanda Esotérica, Umbanda Astrológica, Umbanda Sagrada, Umbanda da Magia Divina, Umbanda Omolocô etc.57Essas diferentes vertentes partilham o culto à entidades ancestrais e a espíritos associados a divindades diversas, que podem pertencer ao Catolocismo, a cultos africanos, hindus, árabes entre outros.58 Apesar de diferentes vertentes existem alguns conceitos encontrados que são comum a todas, são eles: 59 60 61
- Um deus único e onipresente, chamado Olorum, Zambi ou Oxalá
- Crença nas Divindades ou orixás
- Crença na existência de Guias ou entidades espirituais
- A imortalidade da alma
- Crença nos antepassados
- A reencarnação
- O carma
- Lei de causa e efeito pela qual os umbandistas pagam o Bem recebido com o bem e o Mal com a justiça divina62
Também se fundamentam na obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como a fraternidade, a caridade e o respeito ao próximo.63 Além desses preceitos também estão a necessidade da prática mediúnica como por exemplo servindo de "cavalo" (o medium) para para viabilizar a comunicação entre espíritos e orixás com os seres humanos.64
Ritos[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Rituais da Umbanda
Os rituais da Umbanda visam evocar o orixá ancestral e toda sua hierarquia composta por Orixás menores, Guias e Protetores.65 Os rituais não têm forma ou modo definido de modo que variam de casa para casa e estão subordinados às decisões de cada Pai-de-santo e cada entidade protetora do terreiro.66
O local onde se dá as celebrações e o atendimento do público é geralmente uma casa denominada por tenda que contém um terreiro e um salão apropriado para sessões.67
Alguns termos e rituais comumente mencionados:
- Giras, é como são chamadas as sessões onde se reúnem os espíritos de várias categorias, as giras podem ser festivas, de trabalho ou de treinamento.68
- Bater cabeça, é como é chamado o ato de prostração, a reverência dada ao chefe do terreiro, por exemplo.69 O contexto desse gesto varia de terreiro para terreiro sendo unânime que seja feito antes da defumação.70
- Defumação, é usada para purificar o ambiente, através do seu aroma desfaz no ambiente todo o negativo expulsando os espíritos trevosos.71
- Passe, é o gesto de imposição de mãos presente também no kardecismo72
- Pontos riscados são diagramas desenhados no chão como ângulos, retas, símbolos representativos, desenhos geométricos, pontos cardeais etc representando a assinatura do Guia73
- Pontos cantados são as músicas e cantos entoados como forma de louvor ou invocação.74
- Oferendas são a prática de dispor comida ritual e objetos específicos75 nos templos ou locais ao ar livre, em dias e para fins especiais. As oferendas são agradecimentos aos Guias e Orixás.76 As vertentes com mais influência dos cultos africanos como a Umbanda de Nação se utiliza de ebós que são para finalidades próprias como reequilibrar aspectos da vida da pessoa,77 porém, diferente de alguns cultos africanos, a Umbanda não se utiliza do sacrifício de animais.78 79 80
- Descarrego é o nome dado a rituais para limpeza espiritual ou livrar-se de cargas negativas, podem ser banhos com ervas especiais81 como a Guiné82 ,Espada-de-ogun83 etc ou rituais como a Roda de fogo" que usa pólvora.84
- Batismo com ocorre em muitas outras religiões só pode ser realizado por líderes religiosos, no caso o Bablorixá ou a Yalorixá.85
Espaço físico[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Templo de Umbanda
A parte física de um terreiro de umbanda contém quatro elementos fundamentais: 86
- Assentamento
- Pegi ou Peji
- Congá
- Porteira ou Tronqueira
- Roncó, fica fora do terreiro propriamente dito mas anexo a ele.
- Cruzeiro das Almas ou Casa das Almas87
Organização[editar | editar código-fonte]
A hierarquia na Umbanda pode variar dependendo da quantidade de membros de modo que pode se dividir em um grupo administrativo e grupo espiritual88 89 90além de variar de acordo com o tipo de Umbanda (de nação, Esotérica etc).
- Babalorixá (Pai-de-santo) e Yalorixá (Mãe-de-santo)
- Responsáveis por toda a atividade espiritual que ocorre no terreiro, como iniciar, conduzir e encerrar as giras e estabelecer as ordens e doutrinas passadas pelo astral.
- Babakekere (Pai-menor) e Yakekere (Mãe-menor)
- São os responsáveis na ausência dos pai ou mãe, têm os mesmos ensinamentos e participam de todos os rituais.
- Ogã, curimbeiro ou atabaqueiro
- Responsável por tocar e cantar os Pontos cantados nas giras além do ensino a novos ogãs.
- Cambono
- É o medium designado a auxiliar a entidade trabalhando como um intérprete entre a entidade e o consulente.
- Médium de trabalho, médium feito ou médium coroado
- São médiums que prestam consultas nas giras de atendimento e já passaram por todos os preceitos e obrigações (batismo, amaci e coroação).
-
- Médium em desenvolvimento
- São os médiums em processo de desenvolvimento.
-
- Samba
- Médium feminina em desenvolvimento.92
-
- Iaô
- Médium feminina com feitura de santo.93
-
- Médium iniciante
- São os médiums que ainda não incorporam, sendo às vezes colocados como cambonos até adquirirem experiência.
- Transa ou porteira
- É o responsável por orientar e distribuir fichas ou senhas aos frequentadores.
- Iabá94
- É responsável pela cozinha do terreiro, pela confecção dos ageuns, amalas e comidas necessárias nos trabalhos.
-
- Cota95
- Subordinada ou substituta da Iabá (Umbanda de Nação).
- Mão de faca96
- Médium responsável pelas matanças animais (Umbanda de Nação).
Entidades[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Linhas da Umbanda
Os espíritos que trabalham na Umbanda são organizados em linhas e falanges (legiões) de uma forma quase militar. Cada linha está sob a direção de uma deidade africana ou Orixá ou Orisha, enquanto os nomes e configurações exatas variam dentro da Umbanda, eles são em sua maioria compostos a partir de divisões étnicas, por exemplo, "Povo de Moçambique", "Legião de Tupi-Guarani". Em geral, os espíritos nos rituais da Umbanda se enquadram nas seguintes categorias:97
- Caboclos, espíritos indígenas, como o Sete Encruzilhadas
- Pretos Velhos, os espíritos de velhos escravos brasileiros
- Exus, espíritos menos evoluídos que na vida foram criminosos ou pecadores notórios
- Pomba Giras, o equivalente feminino dos Exus, tipicamente retratadas como dançarinas, damas da noite etc.
- Crianças, os espírito de crianças
Todas os acima são chamados de "espíritos de luz" porque trabalham para o bem, há também os espíritos banidos da Umbanda que são ditos trabalharem para o ladro negro, dentro da Quiumbanda, um tipo de oposto negativo da Umbanda.98
Críticas[editar | editar código-fonte]
Assim como outras religiões afro-brasileiras, a Umbanda sofreu repressão política durante a Ditadura militar de Vargas até o início de 1950. Uma lei de 1934 colocava estas religiões sobre a jurisdição do Departamento de Tóxicos e Mistificações da polícia de modo que era preciso um registro especial para funcionarem. Durante esses anos vários grupos se mantinham na clandestinidade ou quando se registravam, procuravam omitir suas ligações ou inspirações africanas se registrando como sendo apenas "espiritistas".99 Essa omissão ou "desafricanaização"100 que rejeitava as influências das religiões africanas foi estabelecida mais claramento no I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda realizado em 1941, que definiu entre outros aspectos, que a a raiz da Umbanda provinha de antigas religiões e filosofias da Índia.101 102 Roger Bastide argumentou que o Espiritismo "branquea" ou "europeniza" a Umbanda, distorcendo suas raízes africanas.103
No Brasil, a Umbanda e demais religiões de matrizes africanas sofrem com a intolerância religiosa,104 sendo as religiões neopentecostais ditas Renovadas de maior intolerância em relação à Umbanda, ao Candomblé e ao Kardecismo.105
Os praticantes do Candomblé criticam a Umbanda por considerá-la superficial e desconhecer os ritos mais profundos dos cultos aos Orixás, além de criticarem a Umbanda por não separar o culto dos espíritos do culto às entidades já que o Candomblé considera os Orixás e deuses como sendo mais puros e de energia mais primordial e que então não podem ser maculados pela energia dos espíritos que viveram na Terra.106
Referências
- ↑ Sandra T. Barnes (1997). Africa's Ogun: Old World and New. Indiana University Press. p. 91.ISBN 0-253-21083-6.
- ↑ Hopkins 2014, p. 302
- ↑ Ferreira 1986, p. 1736
- ↑ Censo Demográfico 2010 - Distribuição percentual da população residente, por Grandes Regiões, segundo os grupos de religião - 2000/2010
- ↑ IBGE, Censo 2010
- ↑ Barbosa Jr. 2014, p. 68
- ↑ Martins 2007, p. 17
- ↑ Coordenação de Comunicação (18/05/2012).Presidenta institui Dia da Umbanda Website da Secretaria de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR. Visitado em 27/6/2015.
- ↑ Ferreira 1986, p. 1736
- ↑ Segundo a "Gramática de Kimbundo" do professor José L. Quintão, citada na obra "O que é a Umbanda", de Armando Cavalcanti Bandeira, editora Eco, 1970
- ↑ Itaoman 1990, p. 100 - 101
- ↑ Martins 2007, p. 17
- ↑ Janaina Azevedo. Tudo o que você precisa saber sobre Umbanda. Vol. I. p. 132. ISBN 978-85-99187-91-3.
- ↑ Smith 2004, p. 271
- ↑ FEU 1942, p. 21 - 22
- ↑ Kloppenburg 1991, p. 35
- ↑ Martins 2007, p. 17
- ↑ Barbosa Jr. 2014, p. 20
- ↑ Kloppenburg 1991, p. 35
- ↑ Martins 2007, p. 17
- ↑ Martins 2007, p. 17
- ↑ Barbosa Jr. 2014, p. 21
- ↑ Barbosa Jr. 2014, p. 21
- ↑ Baptista 2008, p. 9
- ↑ Pinn 2009, p. 392
- ↑ Martins 2007, p. 17
- ↑ a b Samíramis Reis. A nossa cabana. biblioteca24horas. p. 12. ISBN 978-85-7893-794-2.
- ↑ Martins 2007, p. 17
- ↑ Kloppenburg 1991, p. 35
- ↑ Barbosa Jr. 2014, p. 18
- ↑ Dos Reis 2010, p. 38
- ↑ Alexandre Brasil Fonseca. Relações e Privilégios: Estado, secularização e pluralismo religioso no Brasil. Editora Novos Diálogos. p. 85. ISBN 978-85-64181-05-2.
- ↑ Martins 2007, p. 18
- ↑ Dos Reis 2010, p. 19
- ↑ Martins 2007, p. 17
- ↑ Luciano Figueiredo (2013). História do Brasil para Ocupados. LEYA BRASIL. p. 120. ISBN 978-85-7734-434-5.
- ↑ Smith 2004, p. 271
- ↑ a b Colin M. MacLachlan (2003). A History of Modern Brazil: The Past Against the Future. Rowman & Littlefield. p. 67. ISBN 978-0-8420-5123-1.
- ↑ Dos Reis 2010, p. 29
- ↑ FEU 1942, p. 44 - 47
- ↑ FEU 1942, p. 116
- ↑ FEU 1942, p. 114
- ↑ FEU 1942, p. 21 - 22
- ↑ Smith 2004, p. 271
- ↑ Gonçalves da Silva 2005, p. 116
- ↑ Gonçalves da Silva 2005, p. 116
- ↑ da Silva 2004, p. 235 - 236
- ↑ Giovani Martins (2006). Umbanda Em Santa Catarina. Clube de Autores. p. 16.
- ↑ Gonçalves da Silva 2005, p. 117
- ↑ Dos Reis 2010, p. 26
- ↑ Dos Reis 2010, p. 27
- ↑ Negrão 1996, p. 327
- ↑ Azevedo 2010, p. 95
- ↑ Gonçalves da Silva 2005, p. 116
- ↑ Smith 2004, p. 272
- ↑ Barbosa Jr. 2014, p. 200
- ↑ Azevedo 2010, p. 94
- ↑ Azevedo 2010, p. 95
- ↑ Martins 2007, p. 19
- ↑ Azevedo 2008, p. 9
- ↑ Peixoto 2009, p. 49-50
- ↑ Ramanush, p. 16
- ↑ Martins 2007, p. 19
- ↑ Ramanush, p. 16
- ↑ Neto 2002, p. 269
- ↑ Melani 2008, p. 34
- ↑ Emanuel Zespo (1960). Codificação da lei de Umbanda. Editora Espiritualista. p. 91.
- ↑ Paulo Newton de Almeida (2003). Umbanda: a caminho da luz. Pallas. p. 195. ISBN 978-85-347-0357-4.
- ↑ Hugo Schlesinger; Humberto Porto (1983).Crenças, seitas e símbolos religiosos. Edições Paulinas. p. 67.
- ↑ Ramanush, p. 37
- ↑ Batista 2008, p. 17 - 18
- ↑ Ramanush, p. 34
- ↑ Ramanush, p. 35
- ↑ Ramanush, p. 37
- ↑ Ramanush, p. 37
- ↑ Ramanush, p. 37
- ↑ Azevedo 2009, p. 55
- ↑ Azevedo 2010, p. 95
- ↑ Ramanush, p. 12
- ↑ Melton, p. 2935
- ↑ Dos Reis 2010, p. 264
- ↑ Breno E Ednamara Marques. Criatividade E Espiritualidade. Editora Ground. p. 191. ISBN 978-85-7217-051-2.
- ↑ Ramanush, p. 35
- ↑ Dos Reis 2010, p. 81
- ↑ Aparecido 2015, p. 9
- ↑ Almeida 2003, p. 82
- ↑ Assis 2015, p. 87
- ↑ Aparecido 2015, p. 37
- ↑ Aparecido 2015, p. 38
- ↑ Aparecido 2015, p. 39
- ↑ Peixoto 2008, p. 13-140
- ↑ Peixoto 2009, p. 49-50
- ↑ Peixoto 2009, p. 49-50
- ↑ Peixoto 2008, p. 13-140
- ↑ Peixoto 2008, p. 13-140
- ↑ Peixoto 2008, p. 13-140
- ↑ Pinn 2009, p. 393
- ↑ Pinn 2009, p. 393
- ↑ Kloppenburg 1991, p. 38
- ↑ Nascimento 2008, p. 298
- ↑ Kloppenburg 1991, p. 37
- ↑ Rocha 2013, p. 228-229
- ↑ Taylor 2008, p. 393
- ↑ Barbosa Jr. 2014, p. 232
- ↑ Fernandes 1998, p. 82
- ↑ Azevedo 2010, p. 95
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Hopkins, Dwight N.. Another World is Possible: Spiritualities and Religions of Global Darker Peoples. [S.l.]: Routledge, 2014. ISBN 978-1-317-49046-3
- Ferreira, A. B. H.. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
- Barbosa Jr., Ademir. Novo dicionário de Umbanda. São Paulo: Universo dos Livros Editora, 2014. ISBN 978-85-7930-789-8
- Martins, Giovani. Tenda EspÍrita Caboclo Cobra Verde. [S.l.]: Clube de Autores, 2007.
- Itaoman. Pemba: a grafia sagrada dos orixás. [S.l.]: Thesaurus Editora, 1990. ISBN ISBN 978-85-7062-020-0
- FEU, Federação Espírita Umbandista. I Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda. Rio de Janeiro: [s.n.], 1941.
- Smith, Christian. Latin American Religion in Motion. [S.l.]: Routledge, 2004. ISBN 978-1-135-96294-4
- Kloppenburg, Boaventura. Espiritismo: orientação para os católicos. São Paulo: Edições Loyola, 1991. ISBN 978-85-15-00458-4
- Gonçalves da Silva, Vagner. Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira. São Paulo: Summus Editorial, 2005. ISBN 978-85-87478-10-8
- da Silva, Ana Amélia. Sociedade, cultura e política: ensaios críticos. São Paulo: Univ Pontifica Comillas, 2004. ISBN 978-85-283-0315-5
- Pinn, Anthony B.. African American Religious Cultures. [S.l.]: ABC-CLIO, 2009. ISBN 978-1-57607-470-1
- Azevedo, Janaina. Orixás na umbanda. São Paulo: Universo dos Livros, 2010. vol. 1. ISBN 978-85-7930-096-7
- Azevedo, Janaina. Orixás na umbanda. São Paulo: Universo dos Livros, 2009. vol. 2. ISBN 978-85-7930-031-8
- Azevedo, Janaina. Tudo o que você precisa saber sobre Umbanda. São Paulo: Universo dos Livros, 2008. ISBN 978-85-99187-91-3
- Ramanush, Nicolas. Diálogo Umbandista. [S.l.]: STS.ISBN 978-85-86054-97-6
- Peixoto, Francisco Allison. Os Segredos De Umbanda. [S.l.]: Clube de Autores, 2009.
- Peixoto, Francisco Allison. Introdução De Umbanda. [S.l.]: Clube de Autores, 2008.
- Melani, Roberto Di Luca. Umbanda para a Vida: Segunda Leitura dos Fundamentos Umbandistas. São Paulo: Pensamento, 2008.
- Baptista, Paulo. Umbanda e Espiritismo. [S.l.]: Clube de Autores, 2008.
- Melton, J. Gordon. Religions of the World: A Comprehensive Encyclopedia of Beliefs and Practices: A Comprehensive Encyclopedia of Beliefs and Practices. [S.l.]: ABC-CLIO, 2010. ISBN 978-1-59884-204-3
- Barbosa Jr., Ademir. O livro essencial de Umbanda. [S.l.]: Universo dos Livros Editora, 2014. ISBN 978-85-7930-765-2
- Fernandes, Rubem Cesar. Novo nascimento: os evangélicos em casa, na Igreja e na política. Rio de Janeiro: Mauad Editora, 1998. ISBN 978-85-85756-79-6
- Taylor, Bron. Encyclopedia of Religion and Nature. [S.l.]: A&C Black, 2008. ISBN 978-1-4411-2278-0
- Dos Reis, Sérgio Martins. Universo Umbandista. [S.l.]: Clube de Autores, 2010. ISBN 978-85-64374-15-7
- Nascimento, Elisa Larkin. Guerreiras de natureza: Mulher negra, religiosidade e ambiente. [S.l.]: Selo Negro, 2008. ISBN 978-85-8455-004-3
- Rocha, Cristina. The Diaspora of Brazilian Religions. [S.l.]: BRILL, 2013. ISBN 90-04-24603-7
- Negrão, Lísias Nogueira. Entre a cruz e a encruzilhada: formação do campo umbandista em São Paulo. [S.l.]: EdUSP, 1996. ISBN 978-85-314-0336-1
- Aparecido, Fernando. Sacramentos e Rituais de Umbanda. [S.l.]: Clube de Autores, 2015.
- Laffitte, Stefania Capone. Searching for Africa in Brazil: Power and Tradition in Candomblé. [S.l.]: Duke University Press, 2010. ISBN 0-8223-9204-6
- Almeida, Paulo Newton de. Umbanda: a caminho da luz. [S.l.]: Pallas, 2003. ISBN 978-85-347-0357-4
- Assis, Fernando Aparecido. Teologia Básica de Umbanda. [S.l.]: Clube de Autores, 2015.
Publicações[editar | editar código-fonte]
- Roger Bastide; Helen Sebba (2007). The African Religions of Brazil: Toward a Sociology of the Interpenetration of Civilizations. JHU Press. ISBN 978-0-8018-8624-9.
- Boff, Leonardo. Avaliação teológico-crítica do sincretismo. Vozes 71:7, 1977.
- BROWN, Diana. Umbanda: Religion and Politics in Urban Brazil. New York: Columbia University Press, 1994.
- CAVALCANTI BANDEIRA, Armando. O que é a Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Eco, 1973, 2ª edição.
- DA MATTA, Roberto. For an Anthropology of the Brazilian Tradition or A Virtude está no Meio In D. Hess and R. Da Matta eds. The Brazilian Puzzle: Culture on the Borderlands of the Western World. New York: Columbia University Press, 1995.
- Federação Espírita de Umbanda. Primeiro Congresso do Espiritismo de Umbanda. Trabalhos apresentados ao 1º Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda, reunidos no Rio de Janeiro, de 19 a 26 de Outubro de 1941. Rio de Janeiro: Jornal do Commércio, 1942.
- FREYRE, Gilberto. The masters and the Slaves: A Study in the Development of Brazilian Civilization. New York: Alfred A Knopf, 1946.
- FRIEDMAN, Jonathan. Cultural Identity and Global Process. London: Sage Publications, 1994.
- GONÇALVES DA SILVA, Vágner. Orixás da Metrópole. Petrópolis e Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
- HERSKOVITS, Melville. African Gods and Catholic Saints in New World Negro Belief. American Anthropologist 39, 1937.
- NEGRÃO, Lísias Nogueira. Umbanda e Questão Moral: Formação e Atualidade no Campo Umbandista em São Paulo. Dissertação de doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1993.
- OLIVEIRA, José Henrique Motta de. Das Macumbas à Umbanda – Uma Análise Histórica da Construção de Uma Religião Brasileira. Limeira, SP: Editora do Conhecimento, 2008.
- OMOLUBÁ - Fundamentos de Umbanda – Revelação Religiosa. São Paulo: Cristális Editora e Livraria, 2004.
- ORTIZ, Renato. A Consciência Fragmentada: Ensaios de Cultura Popular e Religião. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1980.
- _______________. A Morte Branca do Feiticeiro Negro: Umbanda e Sociedade Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1991.
- PRANDI, Reginaldo. Modernidade com Feitiçaria: Candomblé e Umbanda no Brasil do Século XX –Artigo -Tempo Social; Rev. Social. USP, S. Paulo, 1990.
- _______________. Os Candomblés de São Paulo. São Paulo: Editora HUCITEC, 1991.
- RIO, João do. As Religiões no Rio. Rio de Janeiro: Edições da Organização Simões, 1976.
- SALES, Nívio Ramos. Rituais Negros e Caboclos. Da origem, da crença e da prática do candomblé, pajelança, catimbó, toré, umbanda, jurema e outros. Rio de Janeiro: Pallas, 1986, 2ª edição.
- SKIDMORE, Thomas. Black into White: Race and Nationality in Brazilian Thought. New York: Oxford University Press, 1974.
- TRINDADE, Diamantino Fernandes. Umbanda e sua História. São Paulo: Editora Ícone, 1991.
- _______________. Umbanda Brasileira - Um século de história. São Paulo: Editora Ícone, 2009.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Discursos sobre as religiões afro-brasileiras - Da desafricanização para a reafricanização
- Autor de "Mitologias dos Orixás" indica livros úteis sobre a umbanda
- Núcleo de Antropologia Urbana da USP Doença Mental e a Cura na Umbanda
- Diferença entre Umbanda e Candomblé
- Pequena nobreza: essas instituições congregavam obrigatoriamente pessoas brancas, abastadas e de pureza de sangue, formando uma elite local.
- Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira Por Vagner Gonçalves da Silva
- Repensando o sincretismo Por Sérgio Figueiredo Ferretti